quinta-feira, 21 de maio de 2009

NICOLE - A SOBRENATURAL

Nicole era uma adolescente diferente. Não tinha amigos – não porque quisera, mas porque todos a evitavam – e sua família a odiava. Desde pequena era rejeitada por todos por um único motivo: tinha poderes sobrenaturais.

Durante todos os seus 15 anos, foi humilhada por toda a cidade de Hutyfield, se tornando assim uma pessoa extremamente fechada e com medo de tudo. Na escola, a rotina era sempre a mesma: entrava na sala de aula, era alvo de comentários e cochichos, era sempre menosprezada por todos e vez ou outra quando ia embora para casa, era seguida para ser atormentada por alguns de seus colegas.

Em sua casa as coisas não eram diferentes. Sua mãe era uma alcoólatra viciada, seu pai estava preso há 12 anos, - e Nicole nem sequer o conhecia -. Ela só encontrava um refúgio: o seu quarto com a companhia de seu gato Felix. Passava o dia trancada em seu velho quarto, ora estudando, ora fazendo algo para passar o tempo. Tinha medo de dormir, pois sabia que se dormisse, as vozes apareceriam. Tinha medo das vozes. Tinha medo daquelas pessoas que apareciam em seus sonhos. Tinha medo sobre várias coisas.

Era sábado. Ela gostava dos sábados porque sabia que não teria que ir a escola.

-Nicole, você está aí em cima?

-Sim mamãe. Estou no meu quarto.

-Às vezes penso que você morreu dentro desse quarto! Desça um pouco e vá até ao mercado para mim.

-Não quero. Vou ficar aqui. – Ela preferia passar o dia inteiro vivendo seu próprio mundo do que ter que enfrentar as pessoas daquela cidade.

-Garota eu estou mandando! Desça agora!

-Já disse que não quero!

-Sua ingrata! Garota imbecil! Não sei porque é tão esquisita assim.

Nicole ouvia aquelas palavras e sentia raiva de tudo. Uma onda de pensamentos passava pela sua mente. Eram só pensamentos ruins, de toda aquela gente. Sentia ódio de todos. Ela não queria ser daquele jeito. Apenas era.

Ouviu a porta se abrindo e em seguida se fechando. Sua mãe tinha saído. Ela não gostava de ficar sozinha. O silêncio percorreu a casa. Era um silêncio perturbador. Foi quando um sussurro vindo do banheiro de seu quarto quebrou todo aquele silêncio.

-Nicole...

-Quem está aí? – Respondeu assustada. Um calafrio lhe percorreu a espinha.

-Nicole...

-Por favor, me deixe em paz! - Ela tapou seus ouvidos e correu para trás da cama onde tentava se esconder. Era um vulto enorme que saía agora do banheiro. Andava devagar como se não tivesse pressa. A cabeça estava baixa. Estava com uma grande capa preta, seu rosto estava coberto por um longo capuz. Seus olhos avermelhados fitavam Nicole profundamente. Os traços de sua face eram deformados. Sua boca mexia lentamente, mas as palavras saíam fluentemente. Tinha no rosto um sorriso malicioso.

-Por que corre de mim Nicole? Quero te ajudar...

Nicole não conseguia dizer mais nada. O medo a dominava.

-Nicole, eles não gostam de você... Eles falam mal de você... Eles não querem ser seus amigos... Ninguém se importa com você...

-Vá embora! Por favor!

-Eu quero te ajudar... Faça-os sentirem o que você sente...! Vingue-se!

-Saia daqui! Saia daqui! Saia daqui!

Nicole, pressionando a cabeça muito forte, ouviu a voz se distanciar cada vez mais até o vulto sumir de repente. Olhou para os lados ainda com medo. Levantou-se e começou a chorar. Aquilo tudo começava de novo.

Seu gato Felix, que continuava impassível deitado em um canto do quarto a observava como se soubesse tudo aquilo que estava acontecendo com sua dona.

-Venha cá Felix. Não se assuste. Tudo isso vai passar.

Felix a lambeu como se entendesse o que Nicole havia dito.

Já era noite quando a mãe de Nicole apareceu em casa. Estava bêbada. Todos os dias, ela saía de casa e voltava daquele jeito. Nicole estava deitada em sua cama, mas não pretendia dormir. De repente, ela ouviu um barulho. Era como um estrondo e vinha da sala. Abriu a porta do seu quarto e desceu rapidamente as escadas em direção da sala. Encontrou sua mãe caída no chão com uma garrafa de bebida ao lado.

-Mãe! Você andou bebendo de novo? Deixa eu te ajudar a levantar.

-Saia daqui sua estúpida! Eu não quero a sua ajuda.

-Não gosto quando você bebe.

-Não preciso que ninguém goste de mim. Ainda mais você! Você é estranha. Andam dizendo por aí nas ruas que você é uma bruxa... – E soltou uma risada sarcástica.

-Mãe...!

-Não me chame de mãe! Nunca agüentei você!

-Mas você é minha mãe!

-Não! Não sou!

-O quê? O que está dizendo?

A mãe de Nicole soltou outra risada:

-Acho que já deveria ter te contado antes não é?

-Contado o quê? Diga-me!

-Você não é minha filha! – Fez uma pausa como se tentasse lembrar de alguma coisa - Um casal meio estranho deixou você comigo ainda bebê dizendo que a buscariam depois de uns meses e depois fugiram. Bom. Já se passaram anos...Não te agüentaram! Agora penso seriamente em fazer a mesma coisa que eles fizeram... – E riu novamente com um tom irônico.

Nicole, com lágrimas nos olhos, ouvia tudo em silêncio. Não poderia acreditar. Aquela não era sua mãe. Aquela não era sua casa. Aquela não era sua vida!

-Então...então...você...eu não sou... sua filha?

-É surda? Já disse que não! E eu te odeio! Seria melhor que você não existisse. Saia daqui agora!

Nicole correu, subiu as escadas e se trancou em seu quarto. Estava mais uma vez em lágrimas. Não tinha mais ninguém. Ninguém. A sensação de abandono se misturava com ódio, raiva, tristeza, desespero...O que iria fazer agora? Como seria sua vida dali pra frente?

A madrugada caiu, e Nicole, exausta, adormeceu. Nos seus sonhos, aquela voz já conhecida lhe falava de novo:

-Vingue-se Nicole...Vingue-se...!

Nicole se revirava na cama, às vezes acordava no meio dos sonhos e encontrava o vulto preto sentado na ponta de sua cama. Esfregava os olhos e o vulto já não estava mais ali. Chovia muito e os relâmpagos a incomodavam. Ela já estava cheia daquilo tudo, daquelas pessoas, daquela vida – que nem era dela. De repente uma sensação invadiu Nicole. Estava paralisada em sua cama com olhos abertos, como se algo a possuísse. A expressão que levava no rosto era assustadora. As mãos começaram a se contorcer quando começou a lembrar do que sua mãe havia lhe dito, do que os colegas faziam com ela, de como a cidade lhe mal-tratava. Ela não merecia aquilo tudo. Um relâmpago iluminou o quarto de Nicole. Foi quando Nicole se levantou. Estava estranha. A cabeça estava ereta e não se mexia para os lados. Os olhos estavam em chamas e ela dava pequenos passos, bem devagar. Foi ao quarto de sua mãe, saiu de lá depois de uns 15 minutos. Desceu as escadas e saiu de sua casa. Era madrugada. 03:15 da manhã para ser exato. A chuva caía forte. Nicole, com passos lentos foi caminhando pelas ruas. Ela já sabia o que fazer, já sabia pra onde teria que ir.

Amanheceu o dia, a cidade estava diferente. Porém o pior ainda estava para ser descoberto. As pessoas que passaram em frente à casa de Nicole puderam comprovar. No alto de uma janela – a janela da mãe de Nicole -, pendurado em uma corda havia um corpo. Estava preso na garganta por um enorme gancho. A cabeça caía para o lado como se o pescoço estivesse quebrado, o corpo estava ensangüentado. Era a mãe de Nicole. O sangue escorria por toda a rua. Nicole a tinha matado...

O terror se prolongou quando na escola onde Nicole estudava apareceram mais dois corpos. Eram dois colegas de Nicole. Ainda estavam de trajes de dormir. Foram arrastados até a escola e mortos lá. Os corpos estavam amarrados de costas um pro outro e suas fisionomias eram assustadoras. Os olhos esbugalhados para fora e a boca completamente aberta. Não tinham os pés. Provavelmente foram cortados para não terem chances de fugir. Os corpos estavam carbonizados. Foram queimados vivos.

Na parede da escola estava um aviso, escrito com sangue:


“VOLTAREI E FAREI VOCES PAGAREM POR TUDO O QUE JÁ FIZERAM”


Espantados todos já se sentiam condenados. Sabiam que a hora de cada um chegaria, não impotaria como e nem onde estivessem.

Os moradores, alunos, e pessoas que ali estavam presentes sabiam que se tratavam de Nicole, que com sua fúria queria vingança. E sabiam também, que tudo aquilo não era uma brincadeira. Os culpados teriam que derramar seu sangue. O terror só havia começado, e o pior, não sabiam quando ia parar...

4 comentários:

  1. Isto me soa Familiar?
    Carrie a estranha? Ou tavlez um conto clixêzão americanizado ????

    ResponderExcluir
  2. Concordo com o comentário acima.

    ResponderExcluir
  3. eu acho que não chega a ser muito aterrorizante os poderes dela,na vdd,muitas pessoas dizem ter poderes maiores de vdd,vá num centro espiríta e você conhece pessoas assim,acho que ela ficou fraca,deveria ser mais poderosa,e quem não tem lembranças de casos de terror que aconteceram em sua vida,acho que chega mais próximo da realidade do que os outros,então não chega a ser um grande terror.Mas ta valendo,gostei,mas poderia ter deixado ela mais poderosa,tipo a menina do rose red.

    ResponderExcluir
  4. Parece muito mesmo com CArrie, a estranha, desde o título até o final.

    ResponderExcluir