segunda-feira, 25 de maio de 2009

O FALSO MENSAGEIRO

Tec Tec Tec - fazia o barulho do teclado, no silêncio das duas e meia de uma madrugada gélida e solitária. Edgar estava sozinho e se sentindo o maior dos miseráveis: “Puta, aquela que me deixou deslocado e desorientado, privando-me de sexo, vai demorar até encontrar outra que aceda aos meus caprichos masculinos” – pensava tempestuoso.

Após colocar o cigarro no cinzeiro, deixando cair pelo percurso algumas cinzas no chão, percebeu que os restos formavam um estranho símbolo, parecido com um ovo, e dentro, uma cruz invertida, ele estremeceu na hora, mesmo sem saber o que significava, mas a exatidão da imagem era assustadora.

Levantou-se e não limpou a sujeira – seria o subconsciente tentando alertá-lo de não esquecer? – foi para o banheiro e tomou um demorado banho.

Não voltou tão cedo para seu escritório, ficou na cozinha beliscando algumas bolachas e rosquinhas, sobras do café da tarde. A vontade de tomar café era grande, mas como morava sozinho e já estava um pouco tarde da noite, resolveu requentar no micro-ondas.

Todos os sábados eram assim, depois do fim de seu namoro, há três semanas. Não saía para se divertir, ficava beliscando sobras de comida e o resto do tempo - principalmente de madrugada - eram preenchidos com o computador, vício do século XXI.
A “limpeza” de seu apartamento não era das melhores depois que sua namorada se mudou. Um ar sombrio sobrevoava o ambiente. Sempre com um cheiro de enxofre, manchas apareciam na parede limpa e sempre que chegava do trabalho, havia alguns vermes na porta de entrada.

Namorou com Angélica por dois anos e meio, mas suas grosserias e comportamento explosivo pesavam mais na balança do que seus poucos gestos românticos. Angélica não agüentou!

Durante a semana, preocupava-se mais em bajular o chefe anti-social do que colocar a mão na massa.

Voltou para o escritório, varreu para um canto o resto das cinzas e foi dormir, já não tinha mais nada a fazer e o tempo começava a esfriar.

A Noite não foi das melhores, seu sono era interrompido diversas vezes pelo barulho constante do vento que balançava os galhos fazendo com que batessem em sua janela. Como seu apartamento era só de cinco andares – morando no segundo – havia duas belas árvores grandes em frente, com galhos necessitando de corte.

Acordava assustado, já que os “arranhões” na janela o deixavam inquieto e alarmado. Quando finalmente pegou no sono “pesado”, teve estranhas visões da imagem que havia se formado no chão com as cinzas do cigarro. Imagens que se misturavam com demônios, cemitério e hospital.

* * *

SEGUNDA DE MANHÃ

Toca o telefone, quanto Edgar estava se arrumando para o trabalho:

_ Ed, sou eu, Angélica, te acordei?

_ Ah... Oi Angi, tudo bem? Não, não me acordou, algum problema? - disse um pouco surpreso. Já que Angélica havia sumido desde que terminaram.

_ Estou mais ou menos, preciso falar com você, é um assunto de urgência a respeito de nós!

_ Hum... Você pode me adiantar alguma coisa?

_ Não, tem que ser pessoalmente, podemos almoçar juntos? – dizia com certa ansiedade.

_ Claro, pode ser no lugar de sempre?

_ Ok, marcado.

Edgar saiu impaciente, o que Angélica estava querendo? Deveria ser alguma bobagem, pensava. Sempre fora de acreditar em destino, em mensagens sobrenaturais e assuntos do gênero, além de gostar de jogar tarô e seguir a risca o “Feng Shui”.

“Deve ser algum sonho bobo que ela teve”. – pensava, tentando descobrir o tópico do assunto.

O trabalho não houve assuntos imediatos, a fim de que pudessem ser resolvidos com urgência. Logo que o relógio marcou onze e meia, saiu para se encontrar com Angélica. Queria saber o que era, estava ficando aflito, por mais que conhecesse sua ex e suas “bobagens”.

_ Que bom que veio Ed, não agüentava mais esperar que a manhã passasse.

_ O que foi em Angi? Você teve algum daqueles sonhos estranhos?

_ Não, o que tenho para falar é concreto.

_ Concreto? Como assim?

Após dar um gole no refrigerante, angélica dispara:

_ Fui à farmácia ontem. Depois fui ao posto fazer exame de sangue.

_ Mas você esta doente? Com AIDS? – disse quase se engasgando com arroz!

_ Edgar, estou grávida! E o filho é seu!

Edgar cuspiu o pouco de arroz que estava em sua boca, pegou o copo de cerveja e deu um gole demorado.

_ Como assim?

_ Grávida oras, de um bebê, vamos ter um filho, estou de quatro semanas.

_ Mas não tomamos cuidado?

_ Não sei, às vezes a camisinha estoura, ela não é 100% segura!

_ Bom, você quer ter?

_ Claro! Por que, você não?

_Claro, sempre quis ter um filho, e estou com quase trinta.

Eles conversaram um pouco mais e decidiram se encontrar em seu apartamento, a fim de se entenderem de vez e resolver o que fariam em diante.

Edgar volta para a casa e lembra-se do símbolo que o deixou tão transtornado na madrugada de sábado. Como estava à toa na internet, resolveu pesquisar no Google.

Digitou em pesquisar: “Símbolo Ovo” e “Cruz invertida”

Resposta: “OVO: As suas características físicas são únicas e bem definidas. É frágil. Contém um repositório de vida nova. É um embrião primitivo que, mais tarde, ergue um mundo novo. O ovo é um dos primeiros símbolos religiosos. É símbolo de fertilidade e eternidade”.

Resposta sobre a cruz: “Símbolo satanista, representando o demônio”

_ Minha Nossa Senhora. – disse se levantando rapidamente quase caindo da cadeira.

_ Que coisa mais estranha. O ovo tudo bem, pode ter sido lá um sinal, mas a cruz? Que brincadeira de mau gosto.

Um arrepio levantou os pelinhos do braço levando-o a estremecer todo. Neste momento viu o quão ruim era morar sozinho.

Então ouve-se a campainha, um pouco desnorteado segue até a porta e quando abre, não vê ninguém, mas ao chão há uma pequena caixa preta, com letras em vermelho dizendo: “Silencie o Demônio”. Edgar teme o que possa estar dentro da caixa, leva para dentro de casa, coloca em cima da mesa e decide abrir. Dentro, um punhal, de prata, parecendo novo, com cheiro de novo, e nada mais.

“Quem haveria colocado este trote de mau gosto?” – pensou enfurecido.

MAIS A NOITE

Angélica chega ao apartamento de Edgar para tratar de detalhes sobre o futuro.

Senta-se no sofá enquanto ele busca um suco de laranja para ela.

_ Háaaaa. – grita ao inclinar o copo de suco para a boca.

O Suco de laranja, doce e com uma cor vívida, se transformara em sangue, vermelho escuro.

O copo escorregou sobre suas mãos caindo no chão se tornando uma mancha enorme.

Neste momento, surge um espectro, usando preto, com seu rosto tampado com um capuz. Edgar e Angélica empalidecem.

Ele estava no canto da porta de entrada do apartamento e dizia:

_ Silenciem o Demônio

_ Co... co.. como assim? – perguntou Edgar

_ Matem o bebê!

_ Mas por quê? Quem é você?

_ O bebê foi gerado no dia seis de junho do novo milênio, às seis da tarde, no ano em que os planetas se alinharam, é o filho da besta! – Sou um mensageiro, que vim interromper que esta criança dos infernos nasça.

_ É mentira! Números não têm nada haver. Não acredito nisso!

_ A criança será um mensageiro do mal, um profeta, que ao contrário de Jesus, irá espalhar suas palavras de desordem, reunir discípulos e seguidores; a fim de espalhar o mal sobre a terra.

Como em um estado de transe, Angélica, fraca, credora em tudo que o espectro fala, pega o punhal que viu em cima da mesa e finca em sua barriga, sem mostrar expressão alguma em sua face.

O BEBÊ ESTA MORTO!

* * *

DUAS SEMANAS DEPOIS

Edgar acorda assustado e se depara com uma criança loira ao pé de sua cama, que dizia triste:

_ Meu nome é Gabriel! Minha missão era vir a terra como mensageiro de luz. Era para ser seu filho, mas acreditou no falso em que dizia ser mensageiro. Ele na verdade é o criador de um ser que habita esta terra, pronto para iniciar o terror e o mal, e eu haveria de detê-lo.

Que vocês se protejam! Pois irão precisar.

12 comentários:

  1. bem confuso e mal-escrito, infelizmente... sorry.

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  2. =/ pq ele apareceu pro Edgar,se quem matou o bebê foi a Angélica Õ.õ?
    Não gostei,sem final descente,e o resto tbm n eh essas coisas.

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  3. Manu, Angélica acreditava nestes tipos de assuntos, e logo ela foi meio que hipnotizada a mata o bebê sem pensar, saca!
    Ate fala que ela não tinha expressão.
    O Espirito la apareceu para o Edgar, pq além dele ser o personagem principal, teria que haver um suspese, ou seja, ele teria de descobrir pq daquele sinal.
    O final mostra que o mensageiro não é o espirito como aparentava ser, e sim o bebê.
    PS. A historia é ótima, mais para um suspense hehe!

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  4. Gostei da idéia, mas acho que você meio que se perdeu um pouco, principalmente no trecho "MAIS UMA NOITE". Fez o uso de muitos clichês desnecessários, visto que a tensão já estava criada. Acho que você tb andou muito rápido neste trecho, poderia ter elaborado um pouco mais da trama, pois ela estava caminhando bem.
    .
    Já o final eu gostei.
    .
    Boa sorte

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  5. Bruno:

    Valeu pela dica construtiva rs, com certeza estarei atento a estes erros que acabei pecando nos proximos textos.
    Ps. Eu gostei do final também hêhê

    Autor

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  6. Gostei desse também! Mas acho que o moço acertou em dizer que ficou meio corrido, não só naquele trecho, no final também, mas o desfecho é bom e compensa!

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  7. Bem planejado o final. Gostei!

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  8. continuo não entendo,pq ele apareceu pro Edgar,se quem matou foi a Angélica.Ele não teve culpa alguma,mas o Gabriel disse:
    - Era para ser seu filho, mas acreditou no falso em que dizia ser mensageiro.
    O Edgar tinha dito que não acreditava,quem matou o bebê foi a Angélica,por falta de detalhes,não dá pra saber se ela pegou o punhal rapidamente,ou lentamente,assim não dá pra saber se houve culpa do edgar ou não,isso mais o fato de a história não ter fim,pois tem continuação,não curti O.O

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  9. Então:
    Angélica é apenas a pessoa que iria trazer o filho ao mundo (já que é a dona do ventre rs).
    Ela teria de matar, pois acreditava facilmente em assuntos do tipo, até há um momento em que diz que ela estava sem expressão, como se estivesse hipnotizada (em relação a afirmação do espectro que acertou em cheio suas crenças e medos).
    Edgar não acreditava, logo, ele não o fez (matar o bebê).
    O Fato de Gabriel ir contar ao pai, foi pelo simples fato dele não ter impedido o ato, e de ele era o "receptor das mensagens" dos sinais em geral.
    O Final foi para reforçar o conto e apimentar. A final, o bebê foi morto, na qual acreditava ser filho do demônio e pronto? Ficaria sem graça. O Final foi para apimentar.

    Autor

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  10. Eu gostei da história. Com algumas correções que a deixasse um pouco mais interessante, ficaria ótima, porque a idéia é legal.

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  11. O satanismo não agrada nem impressiona muito à céticos...

    "Edgar saiu impaciente, o que Angélica estava querendo? Deveria ser alguma bobagem, pensava. Sempre fora de acreditar em destino, em mensagens sobrenaturais e assuntos do gênero, além de gostar de jogar tarô e seguir a risca o “Feng Shui”."

    Mas Edgar, ficou meio espantado ao pesquisar sobre "Símbolo Ovo" e "Cruz Invertida"... O que pode caracterizar a fraqueza emocional de Edgar... Seria essa a intenção do autor?

    "_ Minha Nossa Senhora. – disse se levantando rapidamente quase caindo da cadeira."

    "Um arrepio levantou os pelinhos do braço levando-o a estremecer todo. Neste momento viu o quão ruim era morar sozinho."

    Possui alguns erros de escrita como em:

    "_ É mentira! Números não têm nada haver. Não acredito nisso!"

    O certo seria "nava a ver".

    Também nessa parte nota-se certa confusão, pois antes ele não era supersticioso, mas ao pesquisar sobre os símbolos formados pelas cinzas do cigarro ele se torna um, depois com o número da data do nascimento do filho dele ele deixa de ser supersticioso...
    Eu diria que o Edgar é muito confuso ou o autor que é... hehehe

    Eu gostei dessa parte:

    "Como em um estado de transe, Angélica, fraca, credora em tudo que o espectro fala, pega o punhal que viu em cima da mesa e finca em sua barriga, sem mostrar expressão alguma em sua face."

    Eu consegui visualizar a Angélica "em transe" fazendo isso...
    Com os olhos fixos e arregalados contra alguma coisa... (Essa parte dos olhos fixos e arregalados fui eu que imaginei, talvez não fosse assim que o autor quisesse que eu visualizasse a cena... talvez sim... Por isso que é interessante uma descrição mais detalhada das ações, pois o autor consegue passar ao leitor o que ele realmente quer passar...)

    O final é confuso:

    "_ Meu nome é Gabriel! Minha missão era vir a terra como mensageiro de luz. Era para ser seu filho, mas acreditou no falso em que dizia ser mensageiro. Ele na verdade é o criador de um ser que habita esta terra, pronto para iniciar o terror e o mal, e eu haveria de detê-lo."

    Quem havia acreditado era a Angélica ou se o Edgar passou a acreditar naquele momento da morte do bebê - isso são hipóteses - o autor deveria ter passado isso...

    Mais uma vez, um texto que mostra remorso (?), o remorso não foi passado pelo autor... Mas foi o que eu senti... Era pra sentir? Talvez Edgar nem sentisse remorso algum! Mesmo que o bebê, morto por causa dele (?), fosse o responsável por deter o tal ser que habita a terra, "pronto para iniciar o terror e o mal"... E que não seria mais detido, uma vez que o anjo Gabriel havia sido morto.

    Essa superstição toda me lembrou o conto "São Marcos" do livro "Sagarana" de Guimarães Rosa, assim como alguns outros contos de lá também.

    Enfim... O conto é interessante, mas faltou um "feeling" que fosse presenteado ao leitor... Assim, como também ficou meio confuso... Veja os usos do (?) que eu utilizei para comentar o conto... Talvez tenha faltado uma atenção maior do autor ao escrever o conto, ou quem sabe, uma revisão mais aprofundada...

    Abraços...

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  12. Primeiro, realmente não sou bom pra fazer crítica literária, he, he. Gostaria de dizer que o tema é muito bom, me lembro direto do Damien, he, he, lembra do filme, A Profecia? Acho que tu precisava desenvolver um conto um pouco maior pra elucidar e conectar as passagens com maior precisão. Na pimeira parte pensei que você manteria o estilo das frases longas, mas no segundo capítulo você mudou para um estilo em qe o diálogo se torna essencial, talvez fosse bom escolher entre um e outro estilo.

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