terça-feira, 9 de junho de 2009

O ANJO VINGADOR

Estavam as duas paradas naquela esquina escura. Eu as observava de longe, suas saias minúsculas deixavam suas pernas amostra, baforando aqueles cigarros fedorentos. Duas putas esperando o primeiro homem que passasse por ali. Distribuindo doenças, destruindo famílias. Pecadoras. Não vão ficar impunes.

Liguei o carro e fui a sua direção, encostei ao lado e baixei o vidro do carona.

— Ta a fim de se divertir? — uma delas, a loira. Inclinando-se para dentro do carro, mostrando seus peitos salientes. Aquele bafo de cigarro e os dentes amarelados me deram nojo.

— Quanto é?

— Cinquentinha. Serviço completo.

— Quanto tempo?

— Uma gozada, querido, pode durar a noite toda ou cinco minutos, só depende de você.

— Pago duzentos e vêm as duas, a noite toda. Fechado?

— Fechado.

Subiram as duas no carro, pedi que jogassem os cigarros fora. Elas fediam, um cheiro podre de cigarro misturado a perfume barato. A hora delas estava chegando. Entrei num motel de quinta, há algumas quadras dali.

O quarto fedia tanto quanto as putas. Uma delas veio me agarrando, eu a afastei e mandei que as duas tomassem um banho, e que esperassem na banheira. As duas obedeceram em meio a risadinhas. Em alguns minutos elas não ririam mais. Fiquei só, no quarto. Abri minha bolsa, precisava preparar minhas ferramentas. Peguei meu punhal, era como uma pequena espada, a lâmina era semelhante, pontuda e muito afiada, medindo trinta centímetros, o cabo era emborrachado. Como a maioria das minhas ferramentas, eu mesmo a tinha fabricado, e me orgulhava delas. Era com elas que eu fazia os pecadores pagarem seus pecados.

Fui até o banheiro, as duas putas estavam juntas na banheira, se masturbavam e se chupavam. Nojentas, podres.

— Você, venha para cá. — disse para a loira.

Ela obedeceu, quando passou por mim, fechei a porta do banheiro e mandei que a morena esperasse no banho.

— Deite-se na cama, de bruços.

— Você é quem manda, amor. — enquanto deitava-se.

Afastei seus cabelos de forma que a nuca ficasse a mostra. Peguei meu punhal da parte de trás de minha cintura. Alisei sua nuca, ela arrepiou-se, esperava um beijo, mas ganharia outra coisa. Ergui minha mão direita segurando o punhal e a desci com toda força. A lâmina penetrou fácil na carne, enquanto esperneou a puta emitiu um som semelhante a um engasgo. Torci a lamina e forcei-a para o lado, metade do pescoço estava aberto, o sangue jorrou em minha cara e uma poça formou-se na cama. Parou de espernear. A virei de frente, morreu com uma expressão de surpresa no rosto, a mesma expressão que os pais de família deveriam fazer quando descobriam que tinham sido contaminados pelas suas doenças, que contaminaram suas mulheres, talvez seus filhos que estavam por nascer. Enfiei o punhal da vagina e fazendo certa força, o levei até o pescoço, a lamina partiu carne e ossos fazendo um ruído como que tivesse cortando um bife mal passado. Deixei o corpo ali mesmo, as tripas expostas e ainda quentes, exalavam um vapor fétido. Fui até o banheiro, ainda faltava à morena. Quando abri a porta ela me olhou da banheira, sorriu para mim me chamando com o dedo.

— Foram rápidos, venha até aqui, agora eu cuidarei de você.

Obedeci e fui a sua direção parando ao seu lado. Ela perdeu o sorriso quando mostrei o punhal ensangüentado. Antes que gritasse enfiei a lamina no seu olho direito fazendo com que saísse pela nunca. Morreu instantaneamente. Puxei novamente o punhal, o olho espedaçou-se, segurei-a pelos cabelos e da esquerda para direita, cortando o pescoço, separei a cabeça do corpo. Jorrou ainda mais sangue que a loira. Repeti o processo com seus braços e pernas. Deixei tudo boiando na água da banheira, que agora, transformara-se em um liquido mais grosso e avermelhado. O trabalho estava feito. As putas não iriam mais transmitir doenças para ninguém. Lavei meu punhal e meu rosto, troquei de roupas e pegando minha sacola de ferramentas, fui embora. Na portaria do motel, falei com o recepcionista.

— Aqui está o dinheiro para pagar o restante da noite. As moças pediram para que as acorde pela manhã. Ah, e mande alguém para limpar o quarto, está uma bagunça.

— Se divertiram hoje, heim?

— Nem imagina quanto.

Duas noites depois eu estava em frente a um condomínio de luxo num bairro nobre da cidade. Há tempos eu estava à procura do momento oportuno para pegar aquele sujeito. Aquela ocasião era perfeita, havia uma festa de aniversário no salão do tal condomínio. O que para mim era ideal, quanto mais gente houver, menos notarão sua presença. Entrei no lugar sem dificuldade, antes mesmo que eu falasse alguma coisa, o porteiro já abriu o portão me indicando onde era o salão de festas. Chegando ao salão, vi que o filho da puta ainda estava lá. Dei meia volta e fui em direção ao elevador. Entrei e apertei o botão do oitavo andar. Após alguns instantes o elevador parava no oitavo, o corredor estava vazio. Fui até o apartamento número 808, era a última porta do fundo do corredor à direita. Usando uma chave mixa para abrir a porta, entrei sem dificuldade. O apartamento era espaçoso, uma sala enorme, um quadro da santa ceia decorava a parede à cima da televisão de plasma, os sofás de couro branco eram grandes e confortáveis. Fui até o quarto. Minhas suspeitas eram fundadas. Sobre a cômoda, ao lado d cama de casal, havia fotos de crianças de não mais que dez anos de idade, nuas em cima daquela mesma cama ao meu lado, fazendo posições de sexo, como se fossem qualquer casal comum. Eu estava certo, o filho da puta era um merda de um pedófilo.

Apaguei a luz do quarto e fiquei esperando no escuro. Demorou cerca de duas horas para que eu escutasse o ruído das chaves girando na fechadura da porta. Ele entrou. Ouvi um ruído que pensei ser sapatos sendo jogados em algum canto, depois uma claridade tomou conta do corredor e ouvi o tilintar de copos na cozinha. Passos vinham em direção do quarto, preparei minha marreta de cinco quilos que segurava na mão direita e me pus atrás da porta, o som dos passos ficou mais alto. O sujeito passou por mim sem acender a luz do quarto, quando me deparei às costas do sujeito, ergui a marreta e o atingi no lado direito da cabeça, com força suficiente para desacordá-lo sem o matar. Tombou de bruços sobre o carpete do quarto, quase sem fazer barulho.

Juntei-o do chão e o preparei da forma que eu queria. Foi engraçado ver aquele homem acordando nu, amordaçado e amarrado a uma cadeira. Arregalou os olhos grunhindo alguma coisa, tentando se comunicar, debateu-se tentando soltar-se, mas notou ser inútil.

— Está vendo essas crianças? — indicando os porta-retratos sobre a escrivaninha. — Estou aqui por elas. Hoje você pagará seus pecados... E vai ser lento... E vai doer.

O homem debateu-se mais ainda, começou a suar repentinamente, apesar do frio que fazia. Quando me viu sacar o punhal de dentro da bolsa, esbugalhou os olhos que agora começavam a lacrimejar. Tenho certeza de que se a mordaça não o impedisse, urraria a plenos pulmões pedindo socorro.

Comecei pelo pênis, pressionei o punhal na metade do membro, e forçando contra a cadeira, fazendo movimentos de vai e vem, como se corta um pedaço de carne, cortei vagarosamente. O cara esperneou tanto que a cadeira tombou para trás, urrava de dor, mas sua voz não saía. O sangue que jorrava do membro amputado, jorrava sobre seu corpo. Juntei do chão o pedaço do pênis que havia cortado, e afrouxando a mordaça, enfiei-o dentro da boca do homem, e em seguida apartei novamente o nó. Agora ele grunhia e se engasgava com o sangue que engolia e escorria pela sua boca. Com um alicate, arranquei unha por unha dos pés e das mãos, bem devagar. Na décima oitava unha, ele desmaiou de dor. Esperei que acordasse novamente. Não havia graça em torturar alguém adormecido. Quando recobrou os sentidos, arranquei as unhas restantes, depois disso, usando a marreta de cinco quilos, esmaguei todos os dedos. Ele desmaiou três vezes enquanto eu fazia isso, o cara era um molenga. Para concluir, usando uma agulha, furei os dois olhos, cinco ou seis furos em cada um. Com o serviço terminado, tirei uma foto. Aquela iria para minha coleção, o homem com uma metade do pênis cortado e outra enfiada dentro da boca, todos os dedos sem unhas e esmagados, e com os dois olhos furados. Provavelmente não iria demorar muito para morrer, mas enquanto não o fizesse, sofreria muito.

— Agora o que você acha de violentar crianças seu filho da puta? Nos vemos inferno.

Fui embora.

Algum tempo depois, eu estava em casa formulando algumas idéias. Pensava no melhor método de matar um cara tinha assassinado sua mulher, grávida de seis meses e sua filha de dois anos. Já fazia vários anos que o desgraçado estava preso, mas de acordo com os jornais, sairia em liberdade condicional dentro de poucas semanas.

Repentinamente as luzes da casa apagaram-se, deixando o lugar completamente escuro. As janelas começaram a bater desenfreadas, porém não havia vento algum. Vi formar-se à minha frente um clarão de luz intensa, de dentro do clarão saiu uma figura horrenda e estranhamente familiar. Senti meu corpo gelar e um arrepio me percorrer as costas subindo até minha nuca. Era a senhor morte. Com seu tradicional traje negro, rosto coberto pelo capuz e a famigerada foice na mão.

— Você foi selecionado. — disse o espectro com uma voz rouca e horripilante.

— Selecionado? — meio gaguejando.

— Sim... Você tem servido à nossa causa, sem ser requisitado a isso. Agora meu mestre o convoca para que nos sirva de acordo com as regras.

— Que regras? — tirando não sei de onde, coragem para fazer a pergunta.

— Você fará a mesma coisa que tem feito em vida, porém seguirá certos padrões. As vítimas são escolhidas pelo mestre.

Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, o espectro ergueu sua foice e a investiu contra minha cabeça. Vi o chão vir em minha direção e rodar algumas vezes, antes de apagar tive tempo de ver meu corpo sem a cabeça sentado no sofá e o espectro me observando. Não senti dor alguma.

Quando acordei estava num lugar que se assemelhava a uma fábrica abandonada. Havia dezenas de espectros iguais ao que tinha me matado. Olhei para mim mesmo e percebi que estava vestido a rigor, usava a vestimenta negra encapuzada. Vi ao meu lado uma grande foice que só podia pertencer a mim. Comecei a entender a situação, agora eu era um deles, um anjo vingador. Um dos espectros se aproximou de mim.

— Venha novato. O treinamento o espera.

Acompanhei o espectro. Ele guiou-me à outra câmara, onde havia várias pessoas penduradas pelos braços por correntes. Um espectro com vestimenta encarnada dava instruções aos demais vestidos iguais a mim. Ensinava como torturar as vítimas. A cada urro de dor das vitimas, os espectros pareciam comemorar em urros talvez ainda mais assustadores. O espectro que me guiou até ali, indicou-me uma fila. Obedeci. Quando chegou minha vez a treinar novas torturas, o espectro vestindo roupa encarnada ordenou que eu escolhesse uma das vítimas para torturar. Corri o olho por elas e notei que as reconhecia. Entre elas estavam: Tedy Bund, Andrei Chikatilo, Jeffrey Dahmer, John Wayne Gacy, Pedro Alonso Lopez, Henry Lee Lucas, e é claro, Adolf Hitler.

Foi assim que me tornei um anjo da morte, um anjo vingador. Você que agora lê esta história, pense bem antes de cometer qualquer pecado grave. Caso contrário eu o encontrarei... O resultado você já sabe.

2 comentários:

  1. Muito bom este conto... tem conteúdo pois inclui muitos Serial killers
    Admiro contos assim.
    abraços
    adriano siqueira

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  2. Caralho! Meu amigo, no meu modesto entendimento, você começou o conto de forma PERFEITA. Cara eu já estava delirando ao imaginar um final mais doentio do que o começo.
    Aí começou a exagerar na descrição da segunda morte, mas até aí tudo bem! Vindo de vc dava até para achar que iria piorar o climax. Mas o final matou o conto. Eu quase tive a certeza que meu voto era seu! rsrsrs
    .
    Boa sorte.

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